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Em Sorocaba, feminicídio desencadeia denúncias contra descaso da DDM

Sindicato do Vestuário participa de protestos pelo assassinato a tiros de mulher de 34 anos; secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP pede humanização no atendimento às vitimas

 

O Sindicato do Vestuário de Sorocaba e Região, entidade filiada à CUT, participou nesta sexta-feira (14/6) de um ato de protesto contra mais um feminicídio praticado na cidade, o 12º caso apenas neste ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP). O ato aconteceu em frente à sede da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba.

No domingo, 16/6, a entidade marcou presença em mais um protesto. Manifestantes se reuniram num ato de repúdio à política do governo do estado de São Paulo para a proteção das mulheres vítimas de violência. A atividade aconteceu no Parque das Águas. 


No dia do crime, na última terça-feira (11), Aline de Moura Queiroga, de 34 anos, foi baleada por um homem que invadiu a loja de tintas onde ela trabalhava e assassinada com pelo menos três tiros. O suspeito é o ex-namorado, que está foragido.


“Até quando mulheres serão mortas por dizerem não aos seus ex-companheiros? Estamos indignadas! A violência contra as mulheres não pode ser naturalizada e protestamos para cobrar o Poder Público”, disse Paula Proença, presidenta do sindicato, que também é filiado à Confederação Nacional dos Trabalhadores/as do Ramo Vestuário da CUT (CNTRV). 



Márcia Viana denuncia descaso do goverdo de SP em ato realizado em frente à DDM (Foto: Divulgação)

 

Humanização da DDM


Justamente para poder cobrar o poder público, Paula Proença explica que o ato aconteceu em frente à DDM. Isso porque, dias antes do crime, a vítima fez um desabafo para amigas num grupo de WhatsApp relatando o descaso que teria sofrido no local ao tentar denunciar o ex-namorado.


Aline já possuía medidas protetivas contra o ex-companheiro, que insistia em descumpri-las. No último dia 24 de maio, ele chegou a atear fogo à moto da vítima. Às amigas, Aline disse que precisou esperar mais de seis horas para ser atendida, e ainda reclamou do mau atendimento feito por um homem, servidor da DDM.


Márcia Viana, diretora do sindicato e titular da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, conta que o protesto, além de alertar para a tragédia de mais um feminicídio, pediu a humanização dos atendimentos feitos às mulheres numa estrutura como a DDM.


“De que adianta termos uma DDM 24 horas, se há muitos relatos de atendimento inadequado? O caso da Aline mostra que a estrutura aqui não funciona, muitas vezes são homens que estão lá, recebendo com descaso mulheres que chegam fragilizadas pela violência. Cobramos da DDM e do governo do estado que coloquem profissionais capacitados para atender as mulheres que buscam ajuda ou socorro”, diz Márcia Viana.



Manifestantes pedem justiça por Aline e cobram seriedade na política estadual de combate à violência doméstica (Foto: Divulgação)



‘Política da violência’


A dirigente da CUT-SP destaca que o descaso na atenção à mulher é uma opção de política pública do governo do estado, uma vez que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) congelou, via decreto assinado em em 18 de janeiro, os R$ 5 milhões do programa de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher de 2024 que deveriam sair dos cofres da Secretaria de Políticas para a Mulher.


A decisão de Tarcísio de congelar essa verba foi tomada mesmo diante do aumento de casos de estupros e feminicídios registrados no ano passado, em relação a 2022. Em 2023. 221 mulheres foram assassinadas no estado, contra 195 em 2022 (alta de 13,3%). Já os boletins de ocorrências relatando estupros chegaram a 14.504, ante 13.240 no ano anterior, um aumento de 9,5%.


Márcia Viana critica ainda o fato de que não foi apenas na área do combate à violência contra a mulher que o governador cortou verbas. Tarcísio de Freitas também contingenciou, ou seja, congelou, outros R$ 5 milhões do programa de Parcerias para Empreendedorismo e Autonomia Financeira da Mulher. 



Foto: Divulgação


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