É parcial e manipuladora a cobertura dos principais grupos de comunicação quando se trata de direitos dos trabalhadores. Nos últimos dias, jornais como O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo tem se pronunciado sobre o tema através de editoriais e matérias defendendo a “modernização” da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)”. Como empregadora, esses mesmos grupos impõem aos trabalhadores condições precárias. Para o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, a mídia que concentra o monopólio da comunicação no Brasil defende o fim da CLT porque, na condição de empregadora, quer continuar desrespeitando a lei.
O dirigente disse que o frequente contato com profissionais da grande imprensa, através de entrevistas, o fizeram observar que a maioria deles não tem carteira assinada e nem jornada definida. “Os empresários da comunicação querem isso, liberdade pra fazer qualquer tipo de jornada, não contratar, não ter carteira assinada, não ter obrigação trabalhista. Então tem interesse em jogo”, opinou Sérgio.
“Querem tratar o trabalhador de maneira precária como a gente vê. O cara vai te entrevistar. Chega na moto, ele mesmo filma, ele mesmo manda. Não tem carteira assinada. É uma loucura o que as empresas de comunicação fazem”, denunciou. Miro, que é presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, lembrou que esses grupos “impõem as piores práticas trabalhistas”, entre elas a pejotização, o assédio moral e o arrocho salarial.
Segundo ele, a razão da quantidade de menções à “modernização da legislação trabalhista” nos jornalões é a pressa, criada pelo “golpe dos corruptos”, em desmontar a CLT. Miro lembrou que historicamente a imprensa privada “nunca tolerou as leis trabalhistas”. “Os donos da mídia sempre satanizaram os sindicatos, as greves e os direitos conquistados. Eles incentivaram todos os golpes contra os governos minimamente reformistas, como os de Getúlio Vargas, João Goulart Lula ou Dilma”, escreveu.
O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, afirmou que além de defender o interesse da classe dominante, a mídia quer quebrar a resistência do movimento social e sindical, como aconteceu nos anos de neoliberalismo. “A mídia tenta escamotear os impactos da reforma trabalhista. Joga no segundo plano, dá pouco destaque. Por outro lado, querem criminalizar a UNE, A CUT a CTB. Querem quebrar com o movimento sindical e desconstruir medidas que, mesmo insuficientes, impactaram profundamente no desenvolvimento do nosso povo”, observou Adilson.